Finalmente, o Luca descobriu que pode não sentir vontade de fazer as coisas a que está acostumado. Mas, rapidinho, já vou ensinando que nem sempre ele tem opção.
- Mãe, não quero ir ao judô. O fulano outro dia não foi para a escola porque não quis.
- Luca, levanta, bota o quimono e vamos.
Comer tem sido uma certa batalha. Mas, aqui em casa, se não quer comer arroz, feijão, legume e carne, também não haverá de comer sobremesa ou sanduíche. Uma fome de vez em quando não mata ninguém.
- Jô, eu gosto de fruta do conde. Você não gosta. Eu como. Você, não. Deveria ser a mesma coisa com a cenoura, que eu odeio...!
- Luca, vamos, come tudo que a gente já está atrasado.
Nas férias, o avô andou colocando açúcar para o netinho querido. Aqui em casa não tem essa moleza, não.
- Mas, Jô, se açúcar não pode porque você acabou de botar no seu copo?
Nada escapa aos olhos do Baby. Nem aos ouvidos.
- Mãe, eu já sei falar palavrão. Táquipári. Não pode, não é, mãe? É muito feio!
(Gargalhadas em silêncio, do outro lado da linha de telefone.)
- De jeito nenhum, filho. Não repita mais isso!
Marcadores: fases, frases, Luca